JR – Quais foram os desafios na Rede Estadual de Ensino durante o período pandêmico com aulas remotas?
JF- Tivemos diversos desafios. Fazer com que os estudantes mantivessem um vínculo com a escola foi um dos principais. Utilizar e manter a qualidade do ensino com as novas ferramentas tecnológicas, como: Whatsapp, Google Classroom, Google Forms, Google Meet, Conexão Escola e Se Liga na Educação também foi desafiador. Na escola em que leciono, E. E. Serafim Ribeiro de Rezende, em Florestal, fizemos uma parceria com a Universidade Federal de Viçosa - Campus Florestal e criamos o “Munitur”, programa que facilitava o lançamento de notas e frequência dos alunos. Sobre os estudantes da zona rural e os que declararam não ter acesso à internet, foram disponibilizadas as mesmas tarefas de modo impresso. Na prática, foi um período de adaptação, aprendizados, erros e acertos, sobretudo, de superação.
JR - Como era a receptividade dos alunos neste cenário novo na educação?
JF- A receptividade dos alunos era satisfatória. Percebemos que os adolescentes gostaram mais de entregar as atividades no modo digital do que escrito à mão. As aulas lecionadas na plataforma Google Meet, era um momento em que os estudantes tiravam dúvidas com os professores e colegas ou falavam de assuntos de seus interesses. Por meio de pesquisas internas de opinião e formulários enviados aos pais, diagnosticamos vários fatores sobre este momento e coletamos dados interessantes sobre esta nova maneira de lecionar.
JR- Cite dois pontos positivos e dois negativos do Ensino Estadual.
JF- Eu nunca trabalhei na educação privada para comparar, mas, estudei e me formei em escola pública. Foi um ensino sério e de qualidade. Para mim, os pontos positivos são: igualdade e respeito à diversidade sociocultural. Os pontos negativos são: a desvalorização dos servidores da educação que recebem abaixo do piso salarial, ferramentas de trabalho ineficientes e carga horária insuficiente para aplicação do conteúdo.
JR- Ainda vale a pena ser professor?
JR- Vale e sempre valerá. Ser professor é aprender todos os dias. Não tem preço, quando encontro com um estudante na rua e ele diz: “Ele é meu professor!”. O orgulho de participar da educação de crianças, jovens e adultos é indescritível! O professor tem o privilégio de ter vários estudantes olhando para ele, ouvindo-o atentamente enquanto explica uma matéria. É como se fosse num show, como um mágico tirando números e letras da cartola. O professor, com seu trabalho, pode despertar numa pessoa sentimentos que serão lembrados para a vida toda. Professor, profissão que forma as demais.
JR – Quais dicas você daria para quem almeja começar a lecionar?
JF- É necessário, sobretudo, pensar na formação acadêmica, mas também na humanista. Alunos não são números, são seres carentes de atenção e dedicação. Entender que, para ser professor, requer formação continuada, estudar sempre! Hoje em dia é imprescindível o domínio de tecnologias. Por fim, precisa cuidar da sua voz, item mais precioso no dia a dia, em sala de aula.
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Obrigado
pela entrevista, Jardel Fellipe. Adoramos.
Por José Roberto Pereira