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22/04/2024 às 10:49h

Rede estadual de MG perdeu 450 mil matrículas nos últimos dez anos

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Durante a adolescência, a autônoma Katiane Souza, hoje com 36 anos, deixou de frequentar a escola para poder trabalhar. Essa foi a alternativa encontrada por ela, a filha mais velha de cinco irmãos, para ajudar a sua mãe a sustentar sua família. Uma decisão que também foi tomada pelo seu primeiro filho, o autônomo Caíque Silva, de 21, quando ainda tinha 17 anos. Ele abandonou os estudos, em 2019, para poder trabalhar e conseguir ajudar a mãe, além de garantir alimentação para os seus quatro irmãos. “Ninguém quer que o filho não estude, jamais pedi para ele sair. Mas foi a única oportunidade que ele encontrou para me ajudar a colocar comida na mesa”, relata Katiane.

Histórias como a de Katiane e de Caíque se repetem nas escolas estaduais de Minas Gerais. Nos últimos dez anos, conforme o Censo Escolar, feito pelo Ministério da Educação, o número de alunos matriculados na rede do Estado diminuiu 23,38%. A quantidade de estudantes no ensino regular, que engloba o ensino fundamental e médio, passou de 1,9 milhão, em 2014, para 1,4 milhão em 2023 — uma redução de mais de 450 mil matrículas, quantidade maior do que a população de 99,5% dos municípios mineiros. Ou seja, apenas quatro cidades em Minas têm população superior a esse número: Belo Horizonte, Uberlândia, Contagem e Juiz de Fora.

“É uma realidade principalmente entre os que têm baixa renda. Eles até buscam aulas noturnas para poder estudar e trabalhar, mas não conseguem conciliar. Quando veem a família passando por aperto (necessidade de alimentação, por exemplo), eles sempre vão priorizar a renda em vez do estudo. O grande problema nessa questão é a falta de política pública”, relata o professor Fábio Militão, que há 15 anos atua na rede estadual de ensino.

Ainda segundo o Censo Escolar, a rede estadual foi a única que teve redução no número de alunos no ensino regular durante a última década (entre 2014 e 2023). Nas unidades de ensino federais que funcionam em Minas Gerais, a quantidade de matrículas passou de 19.989 para 30.482, o que sinaliza um aumento de 52%. A rede privada do Estado também ganhou mais estudantes, de 603 mil para 639 mil (5,89%). Movimento que se repetiu na rede municipal — considerando os números dos 853 municípios mineiros —, que teve uma crescente de 1,6 milhão para 1,7 milhão (4,84%).

A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE-MG) reconhece a redução do número de alunos. Embora admita não ter feito nenhum tipo de estudo para identificar os motivos, a pasta aponta como um dos fatores a questão demográfica, considerando o menor nascimento de crianças.

Em 2000, conforme o Banco Mundial, a taxa de fecundidade no Brasil, que indica a média de filhos por mulher, era de 2,26. A média reduziu para 1,81 em 2010 e para 1,65 em 2020. A migração de estudantes para as redes federal e particular, além da evasão (saída definitiva da escola) e do abandono (interrupção) escolar, também são vistos como motivos para a queda na quantidade de alunos.

Com informações Jornal O Tempo 

Foto: Espacial FM 

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