05/09/2025 às 09:24h
Com quase 4 mil partidas disputadas e mais de 10 mil gols no 'currículo', o Mineirão completa 60 anos nesta sexta-feira, 5 de setembro. E a trajetória do Gigante da Pampulha, repleta de muitas emoções e grandes histórias, exerce papel direto no crescimento das equipes do estado no futebol brasileiro e mundial.
A ideia de construir um grande estádio na capital mineira surgiu ainda em 1949, quando o Brasil se preparava para sediar a Copa do Mundo de 50. Até aquele momento, o Independência, construído justamente para aquele Mundial, era o maior palco de jogos de Belo Horizonte, com capacidade para mais de 20 mil torcedores. Mas, aos poucos, começaria a parecer pequeno.
"Gradativamente você tem uma virada de chave muito grande, depois da década de 40 e 50 com a industrialização do Brasil, você tem um aumento da expectativa de vida, especialmente após a 2ª Guerra Mundial. E Belo Horizonte não vai ficar de fora disso. Mesmo sendo uma capital planejada, ela começa a crescer. Aí você tem um aumento do futebol, o crescimento destes clubes, o crescimento da população. E os clubes dependiam muito da bilheteria. Atlético, Cruzeiro, América perdiam seus principais jogadores para clubes de Rio e São Paulo, que já tinham estádios de maior estrutura", destaca o historiador Thiago Costa, pesquisador e curador de exposições que têm como linha de pesquisa as relações entre história, literatura, futebol, memória e representações culturais.
Motivada também pela conquista da Copa do Mundo pela seleção brasileira em 1958, a intenção de construir uma nova arena em Belo Horizonte mobilizou políticos, dirigentes, clubes e imprensa. Mas até que fosse realmente colocada em prática, muita coisa se passou. Primeiro, um impasse em torno do local da obra: a primeira opção levantada foi a chamada Lagoa Seca, na região do Belvedere. Um terreno no Prado e um próximo ao aeroporto da Pampulha também foram sondados. Mas as indefinições se arrastaram por quase uma década. Para piorar a situação, também havia disputa política entre União Democrática Nacional (UDN) e o Partido Social Democrático (PSD).
O fato é que a Lei 1.947, de autoria do então deputado Jorge Carone, que criava o 'Estádio Minas Gerais', só veio a ser assinada em 12 de agosto de 1959 pelo governador de Minas, José Francisco Bias Fortes, do PSD. A questão do local também foi solucionada: em fevereiro de 1960, o então presidente Juscelino Kubitschek, também pessedista, assinou o convênio de comodato com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), liberando o terreno de 300 mil m² do futuro estádio.
"Esse comodato também era importante para a UFMG, que estava acabando de levar seus campus para aquela região da cidade. Também era interessante movimentar aquela área. O comodato, inclusive, deu para a UFMG, o Centro Esportivo Universitário (CEU), que é uma contrapartida do Estado de Minas Gerais para a construção do Mineirão, o que se torna um legado para a comunidade, que está ali até hoje", relembra Thiago Costa.
A obra teve início no mesmo ano, com projeção inicial de 24 meses de duração. Entretanto, em 1961, Magalhães Pinto, líder da UDN, assume o governo de Minas - após vencer a disputa com Tancredo Neves (PSD). E, no início, até para não 'exaltar' trabalho iniciado por adversários, chega a se manifestar contrário ao projeto. Só que acabaria mudando de ideia e passaria a se empenhar na construção do estádio, principalmente após o bicampeonato mundial do Brasil em 1962 e de a seleção mineira conquistar o título do Brasileiro de seleções em 1963, quebrando uma sequência de quase 30 anos de títulos de Rio ou São Paulo.
Uma das intenções de Magalhães Pinto seria utilizar a popularidade do futebol para emplacar sua candidatura à presidência. Só não contava com o Golpe militar de 1964. De toda forma, quando foi inaugurado em 5 de setembro de 1965, o estádio foi oficializado com o nome de Magalhães Pinto, mesmo que o governo de Minas já estivesse sob comando de Israel Pinheiro (PSD).
Desde a inauguração do Mineirão, em 1965, com a vitória de 1 a 0 da Seleção Mineira sobre o River Plate, com o histórico gol de Buglê, o futebol mineiro começou a assumir novo patamar: o Cruzeiro ganha a Taça Brasil de 1966, batendo o Santos de Pelé, Pepe, Zito e cia por 6 a 2. Em 1971, o Atlético levanta o título do Campeonato Brasileiro. Era só o início de uma história de glórias - nacionais e internacionais - das quais o estádio seria o palco principal, recebendo mais de 100 mil torcedores em diversas ocasiões.
E, desde seus primórdios, o Mineirão não ficou restrito somente ao futebol. "A gente vê hoje esse conceito 'multiúso', mas ele já vem com o Mineirão, não ainda com o termo arena multiúso, mas já com um espaço cultural. Você vai ter desde uma corrida de carros, que era feita no entorno do Mineirão, feira para venda de carros, com espaço para as crianças aprenderam a andar de bicicleta, soltar papagaio... Shows de música importantes, como Menudos e Kiss, shows religiosos, que eram feitos no Mineirão, dentro do estádio. Então você tem toda uma apropriação da população de Belo Horizonte do Mineirão como um espaço de lazer como cultura também", cita Thiago Costa.
"As provas da UFMG, do Cefet, da Polícia Federal e outros órgãos públicos também eram feitas ali. Você também tem um alojamento que ficava dentro do Mineirão para receber atletas de fora, porque o Mineirão tinha pista de atletismo, havia aulas de educação física de algumas escolas ali no Mineirão. O estádio sempre teve já desde o início, um uso muito mais do que apenas para jogos de futebol que aconteciam só duas, no máximo três vezes por semana", acrescenta. Hoje os grandes eventos, como shows nacionais e internacionais, seguem tendo papel fundamental na manutenção do Gigante da Pampulha.
A trajetória do estádio só seria paralisada (de 2010 a 2012) para obras visando a Copa 2014, quando o Gigante da Pampulha teve que se adequar às exigências da Fifa. Com mais conforto - mas capacidade de público reduzida para cerca de 62 mil torcedores -, o Novo Mineirão acabaria presenciando um dos maiores vexames da história de nosso futebol: a derrota de 7 a 1 para a Alemanha nas semifinais do Mundial.
Por outro lado, em seus 60 anos de história, o Mineirão pode se gabar de ter recebido alguns dos maiores jogadores do mundo, como os brasucas Pelé, Tostão, Dirceu Lopes, Reinaldo, Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho e 'gringos' como Beckenbauer, Platini, Weah e Messi, entre tantos outros. Para quem pode acompanhar ao menos uma parte desta trajetória, fica uma certeza: o Gigante da Pampulha está pronto para os próximos desafios. E que venham novas décadas de vida.
Com informações O TEMPOFoto: Espacial FM
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