03/11/2025 às 09:14h
Nos últimos anos, o avanço da oncologia tem mostrado que compreender o câncer vai além de olhar apenas para o tumor. O estado nutricional e a composição corporal dos pacientes, por exemplo, têm revelado fatores cada vez mais relevantes para o prognóstico e para a resposta aos tratamentos – especialmente quando se fala de câncer de cabeça e pescoço.
Esse cenário ganha novas evidências com a publicação recente de dois trabalhos apoiados pela Fapesp e conduzidos por pesquisadores do Centro de Inovação Teranóstica em Câncer, um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão financiados pela Fundação. O CancerThera é sediado no Centro de Hematologia e Hemoterapia da Universidade Estadual de Campinas (Hemocentro-Unicamp).
Os estudos, orientados por José Barreto Campello Carvalheira, foram publicados em revistas internacionais de nutrição e oncologia clínica e investigaram a relação entre adiposidade (depósito de gordura), muscularidade (quantidade de massa muscular) e sobrevida em pessoas com câncer de cabeça e pescoço, um dos tipos de tumor mais complexos de manejar.
O câncer de cabeça e pescoço engloba um grupo de tumores que podem se desenvolver em diferentes regiões, como boca, língua, faringe, laringe, seios da face e glândulas salivares. Os tumores da cavidade oral (que incluem lábios, cavidade oral, glândulas salivares e orofaringe) representam o oitavo tipo de câncer mais comum no Brasil, afetando majoritariamente homens acima dos 40 anos – entre as mulheres, ele não figura entre os dez mais frequentes, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
“O paciente com câncer de cabeça e pescoço é um dos que mais ficam desnutridos. Isso acontece porque, além das questões relacionadas ao tumor e ao tratamento em si, a doença afeta diretamente regiões ligadas à mastigação e deglutição, o que dificulta a ingestão de alimentos. Naturalmente, esses pacientes têm uma perda de peso maior, uma desnutrição mais acentuada e, por isso, são considerados de alto risco nutricional”, explica a nutricionista Maria Carolina Santos Mendes, coorientadora dos trabalhos e pesquisadora associada ao CancerThera.
Embora o papel da obesidade como fator de risco para o desenvolvimento de diferentes cânceres já seja bem estabelecido na literatura, a influência do tecido adiposo depois que a doença está instalada ainda é um campo pouco explorado. “No câncer existe algo chamado ‘paradoxo da obesidade’. Sabemos que a obesidade aumenta o risco de desenvolvimento de vários tipos de tumor, mas, em algumas situações, o tecido adiposo pode atuar como fator protetor quando o paciente já tem a doença instalada. Foi isso que observamos também no câncer de cabeça e pescoço”, detalha Mendes.
Com informações HOJE EM DIAFoto: Espacial FM
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