Quem apontar um binóculo para ver o cenário da eleição ao Senado por Minas Gerais em 2026 vai se deparar com um nevoeiro. A um ano da ida do país às urnas para escolher o presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e estaduais, pré-candidatos à chamada “Casa Alta” do Congresso Nacional no estado ainda dependem de articulações de partidos para bater o martelo sobre a participação na disputa ou, ainda, para saber quem terão como colegas de chapa.
O pleito acontece em 4 de outubro do ano que vem. Dependendo do bater do vento, pequenas frestas se abrem em meio à neblina e é possível ver, por exemplo, que o partido do governador de Minas, Romeu Zema (Novo), já tem o nome para uma das duas vagas, o do secretário de estado de Governo, Marcelo Aro (PP). A outra é reservada para o fechamento de aliança que a legenda tenta estabelecer com o PL em Minas Gerais.
A costura tem o vice-governador Mateus Simões (Novo) como candidato ao Palácio Tiradentes. O pretendente a possível sucessor de Zema, no entanto, pode deixar o partido e migrar para uma legenda com mais musculatura para a disputa estadual. A mudança seria para o PSD, como o próprio Simões já admitiu, com negociações bem avançadas. A alteração esbarra no senador Rodrigo Pacheco (PSD), que ocupa uma das vagas a serem disputadas em 2026 e também é cotado para ser candidato a governador.
O presidente estadual do Novo, Christopher Laguna, afirma não trabalhar com outro cenário que não o de Simões como candidato pelo partido. “Estou cuidando do meu jardim”, diz. O dirigente indica que a vaga colocada à disposição do PL para o Senado pode ser ocupada pelo deputado federal Domingos Sávio, mas que a definição caberá à legenda. Outro nome do partido citado para a vaga é o do também deputado federal Eros Biondini.
O PL, no entanto, sonha em compor chapa que tenha como candidato ao governo o senador Cleitinho (Republicanos), muito popular nas redes sociais, cujo mandato como senador vai até 2030. O parlamentar se nega a comentar seu destino político, dizendo apenas que qualquer decisão só será tomada em 2026. Já é certo, porém, que o presidente estadual do partido, Euclydes Pettersen, muito próximo de Cleitinho, terá vaga garantida para a disputa pelo Senado, caso o parlamentar aceite entrar na briga pelo Palácio Tiradentes.
Mantendo encontros constantes, Pettersen e o presidente estadual do MDB, deputado federal Newton Cardoso Júnior, também conversam no sentido de tentar uma aliança. No caso do MDB, a participação poderia ser pela indicação de um nome para a outra vaga ao Senado na chapa. Mas o presidente da Fundação Ulysses Guimarães em Minas, Gabriel Azevedo (MDB), afirma haver ainda a possibilidade de o partido lançar candidatura própria ao Palácio Tiradentes.
O mais cotado é o presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Leite. Segundo Gabriel, que é ex-presidente da Câmara de Vereadores de Belo Horizonte, o seu nome e também o de Newton Júnior podem estar nas eleições do ano que vem como candidatos ao Senado. “Ainda é um cenário muito incerto, porque as peças não estão colocadas de forma clara no tabuleiro, tanto no plano estadual como nacional”, avalia Gabriel.
Nikolas deixa quadro mais embolado
Não bastasse a possível saída de Mateus Simões do Novo e a indefinição do senador Cleitinho (Republicanos), uma publicação do deputado federal Nikolas Ferreira (PL) no Instagram na semana passada tornou o cenário ainda mais impreciso no campo da direita em Minas Gerais. O parlamentar lançou uma enquete perguntando aos internautas se deveria tentar a reeleição à Câmara ou disputar o governo do Estado. Apesar de poder se tratar de uma brincadeira de rede social, integrantes da direita não avaliam dessa maneira a publicação e viram na postagem uma movimentação do deputado em direção a uma candidatura ao governo.
Até o momento, dentro do partido de Nikolas, existe a leitura de que o ideal é ter o deputado concorrendo à reeleição. Além de grandes chances de vitória, sua votação poderia contribuir para “puxar” outros candidatos, via coeficiente eleitoral, que é a distribuição de cadeiras no Parlamento a partir do número de vagas e de votos recebidos pelos partidos. Em sua primeira eleição para a Câmara Federal, Nikolas teve 1,4 milhão de votos e catapultou à Casa outros seis deputados. Uma possível opção do parlamentar em disputar o Palácio Tiradentes embolaria o cenário na direita no que se refere especificamente aos nomes colocados para a disputa pelo governo, com impactos na montagem das chapas para o Senado, por causa da possibilidade de candidatura de Cleitinho.
Senado ou governo?
Em Minas Gerais, o PSDB é outro partido que não escapa da neblina sobre as eleições 2026. O presidente estadual da legenda, deputado federal Paulo Abi-Ackel, diz que o ex-governador do Estado Aécio Neves (PSDB), também atual deputado federal, poderá ser lançado na disputa por vaga no Senado em alguma chapa encabeçada por partido aliado. No entanto, Abi-Ackel afirma haver a possibilidade ainda de o colega de partido se lançar ao Palácio Tiradentes, para o cargo de governador de Minas Gerais.
Fonte: O Tempo
Foto: AdobeStock
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