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01/09/2025 às 09:28h

Gastos emergenciais ou inesperados com pets comprometem orçamento de tutores

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Odara, uma vira-lata, precisou passar por uma cirurgia de retirada de tumor nos últimos dias. A situação pegou de surpresa Aline Paixão, assistente social e protetora que resgata animais em Belo Horizonte. A cuidadora tem um custo fixo mensal de cerca de R$ 2.500, incluindo aluguel de espaço, água, ração, medicamentos, dentre outras coisas, para sustentar os 14 cães que estão com ela, aguardando para serem adotados. Mas os gastos com o procedimento cirúrgico da cadela pesaram no orçamento de Aline, que não recebe apoio governamental e conta apenas com apadrinhamento financeiro de pessoas próximas.

“A conta não fecha porque, quando você tem muitos animais, sempre vai ter uma eventualidade. Por exemplo, com a Odara não foi uma emergência, mas é algo que eu não esperava. A conta de aproximadamente R$ 2 mil está lá para ser paga. Sempre tem uma questão, porque são muitos cães, e faz parte do processo da vida deles adoecer. Por maior cuidado que a gente tenha, vão surgir situações de emergência, fora os custos programados que temos. Gasto muito com rações, os mais velhinhos tomam medicações de uso contínuo e sempre tem algum exame para ser feito,” enfatiza a cuidadora. 

Um levantamento da Quaest — O Mercado Pet no Brasil: Afeto, Cuidados e Desafios — divulgado em 2024, mostrou que gastos com os pets são considerados altos ou muito elevados para 52% dos tutores. O estudo revelou ainda que 55% dos donos desembolsam até R$ 300 ao mês para cuidar dos animais, e que 50% dos 1 mil entrevistados já deixaram de fazer algum procedimento para o pet por falta de dinheiro. Já a pesquisa norte-americana Pet Lifetime of Care Study 2025 — Estudo sobre cuidados ao longo da vida dos animais de estimação— destacou que metade dos 5 mil tutores analisados afirmou que despesas inesperadas geram preocupação significativa, e que apenas 31% se sentiam preparados para lidar com custo veterinário de grande dimensão. 

Os gastos com os animais constantemente comprometem o planejamento financeiro de Aline. “A gente costuma dizer que pessoas que ajudam estão sempre pedindo ajuda. Porque não tem como fazer isso sem contar com apoio. Então é bem desgastante essa parte. Acabo ficando sempre endividada. É um círculo sem fim. Porque quando você termina de quitar uma dívida de um cão que precisou de atendimento veterinário, acontece com outro e aí é uma nova dívida. Então estou sempre no negativo,” realça. 

Aline ainda ressalta que a falta de mais centros que disponham de especialidades torna os serviços ainda mais caros. “Uso o serviço público para castração, mas internações, medicações e vacinas tenho que fazer na rede particular. Por exemplo, recentemente outra cadelinha precisou fazer uma endoscopia. E como não é um serviço oferecido por todas as clínicas, tive dificuldade de achar especialista, com boa indicação e que tivesse um preço que eu conseguisse pagar. Mas no final, o valor saiu bem mais alto do que imaginava.” 

“Quando um animal precisa de atendimento médico-veterinário mais complexo, como consultas especializadas, cirurgias e exames mais complicados, os valores podem ser bem mais elevados. Esses serviços, na medicina humana, muitas vezes são subsidiados pelo SUS ou por planos de saúde. Então os preços praticados no mercado privado refletem aquilo que um atendimento veterinário de qualidade exige: infraestrutura, tecnologia e mão de obra especializada,” enfatiza Bruno Divino, chefe de gabinete do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais (CRMV-MG). 

Para quem não consegue arcar com os custos dos serviços veterinários, Bruno dá algumas dicas. “Buscar o atendimento em clínicas-escolas e hospitais veterinários universitários é um bom caminho, uma vez que esses estabelecimentos são mantidos por instituições de ensino, que oferecem consultas, exames e tratamentos por preços reduzidos ou até gratuitos. Outra alternativa é buscar os serviços públicos veterinários, muitas cidades promovem campanhas regulares de castração gratuita, vacinação antirrábica e atendimento clínico e cirúrgico.” 

O Complexo Público Veterinário de Belo Horizonte (CPVBH) oferece atendimento gratuito, incluindo exames, urgências, cirurgias e internações. A estrutura conta com o Centro Médico Veterinário Odete Ferreira Martins, o Instituto Médico Veterinário Legal – o primeiro do Brasil –, além do Grupo de Resgate Animal, que possui ambulância própria. O local tem capacidade para atender até 30 animais por dia, com distribuição de senhas às 8h. O endereço é Rua Pedro Bizzoto, 230 – Bairro Madre Gertrudes.

Na semana passada, a prefeitura da capital também lançou o projeto Bem-Estar Animal sobre Rodas. Trata-se de uma clínica móvel adaptada para prestar serviços veterinários a tutores de baixa renda. O trailer vai percorrer todas as regionais de BH para realizar, gratuitamente, consultas mensais e castração de cães e gatos, além de oferecer vacina, exames e remédios.

O Hospital Veterinário da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) realiza mais de 35 mil atendimentos por ano, com valores reduzidos. O serviço funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, e aos fins de semana até as 17h, no Campus Pampulha. Os contatos são: (31) 3409-2000 e (31) 3409-2276.

Com informações O Tempo 

Foto: Espacial FM 

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