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08/09/2025 às 09:24h

Colesterol alto também atinge pessoas jovens e magras; genética pode ser responsável

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Apesar da crença de que o colesterol elevado é um problema exclusivo de pessoas com sobrepeso ou maus hábitos alimentares, o cenário é complexo: jovens magros e com estilo de vida saudável também podem apresentar níveis perigosos da substância. A principal explicação para esse fenômeno está na genética, especialmente nos casos de hipercolesterolemia familiar, condição hereditária que atinge milhares de brasileiros sem diagnóstico.

Segundo o cardiologista cooperado da Unimed-BH, Henrique Patrus Mundim, “o colesterol que circula em nosso sangue é resultado de reações químicas do próprio metabolismo, determinadas por características genéticas individuais. Isso significa que mesmo pessoas magras e jovens podem ter colesterol alto, independentemente da dieta ou do estilo de vida”.

Embora a condição seja frequentemente relacionada à obesidade e ao consumo de alimentos gordurosos, a herança genética é um fator-chave, capaz de afetar inclusive indivíduos considerados modelos de saúde.

O Ministério da Saúde, no Protocolo Clínico de Dislipidemias, destaca que o rastreamento precoce é essencial, sobretudo em pessoas com histórico familiar de doenças cardiovasculares ou colesterol alto.

A hipercolesterolemia familiar, doença genética que prejudica a capacidade do organismo de remover o colesterol LDL (“colesterol ruim”) do sangue, pode elevar em até 20 vezes o risco de eventos cardíacos, como infarto e AVC, segundo estudo realizado por pesquisadores da UFMG e publicado na revista Scientific Reports, da Nature.

Estima-se que cerca de 1% da população brasileira possa ter essa condição, número superior ao registrado em países como Estados Unidos e China. O problema, porém, é amplamente subdiagnosticado, colocando em risco milhares de jovens que não se enquadram no perfil tradicional de risco.

Mundim, também membro do Comitê de Departamentos Especializados da SBC, reforça que o colesterol alto é uma condição silenciosa. “O diagnóstico não depende de sintomas. É preciso estar atento ao histórico familiar e realizar exames periódicos, mesmo em jovens aparentemente saudáveis, já que pessoas com essa condição podem sofrer infartos ou derrames já na juventude. O risco é cumulativo: quanto mais cedo o colesterol alto se instala, maior a probabilidade de complicações cardiovasculares”, diz o cardiologista.

Em alguns casos de hipercolesterolemia familiar, podem aparecer sinais visíveis, como xantomas (depósitos de gordura na pele) ou xantelasmas (manchas amareladas nas pálpebras), mas esses casos são menos comuns.

O Ministério da Saúde orienta que a avaliação do colesterol deve ser baseada no risco cardiovascular global, considerando fatores como hipertensão, diabetes e tabagismo. Pessoas com histórico familiar de doenças cardiovasculares precoces devem ser testadas antes. 

Crianças e adolescentes com antecedentes de colesterol elevado também precisam ser acompanhados, já que estudos apontam aumento da dislipidemia nessa faixa etária no Brasil, tanto pelo maior rastreamento quanto pelas mudanças no estilo de vida.

Embora a genética seja um fator determinante, o estilo de vida desempenha papel fundamental no controle da doença. As diretrizes da SBC e do Ministério da Saúde recomendam uma alimentação equilibrada, prática regular de atividade física e controle de outros fatores de risco como hipertensão, diabetes e tabagismo.

“O estilo de vida não saudável, com consumo frequente de ultraprocessados e bebidas açucaradas, pode agravar a situação de quem já tem predisposição genética. O impacto da doença em jovens e adultos jovens vai além do sofrimento pessoal. Compromete a produtividade, a capacidade de trabalho e tem reflexos profundos na vida familiar e social. Por outro lado, hábitos saudáveis ajudam a controlar não apenas o colesterol, mas também outras condições como hipertensão, obesidade e diabetes”, complementa o cooperado em cardiologia da Unimed-BH.

Quando mudanças no estilo de vida não bastam, o tratamento medicamentoso é indicado. As estatinas seguem como padrão ouro, com eficácia comprovada na redução de níveis de LDL e na prevenção de eventos cardiovasculares, com benefício maior nas populações de mais alto risco. Novas opções, como medicamentos de aplicação subcutânea, passaram a ser indicadas em casos mais graves ou resistentes.

Mundim reforça que jovens e pessoas magras não estão imunes ao colesterol alto e que o diagnóstico precoce, aliado à educação em saúde, é a melhor estratégia para evitar complicações futuras.

“Precisamos reforçar a importância do rastreamento e do cuidado contínuo. Só com informação de qualidade e acompanhamento adequado conseguiremos reduzir o impacto dessa doença silenciosa e prevenir infartos e AVCs que poderiam ser evitados”, conclui.

Com informações Hoje em Dia

Foto: Espacial FM 

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