11/11/2025 às 09:21h
O tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produtos brasileiros resultou na redução de 67% nos embarques brasileiros de cafés especiais para a América do Norte. Trump anunciou a imposição de uma sobretaxa de 50% ao Brasil em julho, válida a partir do mês seguinte, quando as vendas gerais do país caíram 16,5%. Em setembro, a queda foi de 20,3%.
Os Estados Unidos são responsáveis pela movimentação de cerca de 2 milhões de sacas de cafés finos, das 10 milhões exportadas pelo país, segundo a BSCA (Associação Brasileira de Cafés Especiais).
Com a adoção das tarifas, das cerca de 150 mil sacas em média exportadas mensalmente para estados como Califórnia, Nova York e Oregon, o total caiu para 50 mil sacas.
Os cafés especiais são os mais valorizados produzidos no país e a saca de 60 quilos facilmente ultrapassa os R$ 3.000, conforme produtores que participaram na última semana da SIC (Semana Internacional do Café), principal evento ligado à cafeicultura no país e que aconteceu em Belo Horizonte.
"O impacto foi dramático, porque basicamente a gente está falando de uma redução de 67% dos embarques de cafés de mais alto valor agregado e que são duramente afetados pela tarifa. E aí, qual é a expectativa dos importadores? Eles vêm recebendo sinais de que a tarifa tem de se resolver. Então, o que acontece? Ele atrasa os embarques e vem consumindo os estoques", afirmou Vinícius Estrela, diretor-executivo da BSCA.
O executivo avalia como "muito delicado" o momento pelo fato de o café ser um produto de janela curta de comercialização, mas disse ver como positivas as tratativas entre os governos brasileiro e norte-americano.
"Se o acordo tardar e não acontecer neste ano, possivelmente [o café] tenha perdido uma parcela importante do mercado americano e dado a chance de o consumidor americano testar e eventualmente se adaptar a outros cafés. Foi uma luta do Brasil, da BSCA, por mais de 30 anos, para mostrar que o Brasil não era só um café de base." Entre os principais concorrentes estão Colômbia, Panamá, Etiópia, Quênia e Indonésia.
A alternativa encontrada por exportadores brasileiros é fazer uma composição com os compradores norte-americanos para diminuir perdas para os dois lados. Foi o que fez a Três Corações, principal player do mercado nacional, segundo seu presidente, Pedro Lima.
"Nós exportamos um pouco de café para a costa leste americana, a gente baixou nosso preço, o distribuidor lá baixou um pouco a margem dele e subiu um pouco o preço. Foi uma equação de três mãos aí, e continuamos exportando [...] A gente fez um arranjo aí, mas não interrompemos nada de negócios", afirmou Lima.
Celírio Inácio da Silva, diretor-executivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), afirmou que é urgente que as tarifas sejam revistas e que o setor adotou uma nova estratégia em relação às negociações, ao pedir que a tarifa imposta ao café seja resolvida de forma isolada dos demais produtos atingidos pelo tarifaço.
"Ele tem que ser discutido separado, por vários motivos. O primeiro é porque no café não existe, nem por parte dos Estados Unidos, nem por parte do Brasil, algum óbice. Segundo, se o Brasil começar com algum produto, ele pelo menos mostra a boa vontade. E os Estados Unidos também mostram a boa vontade. Dizer, ok, começamos a negociar", afirmou.Com informações O TEMPO
Foto: Espacial FM
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